É praticamente impossível falar sobre 2020 sem considerar que este foi um ano completamente atípico devido à pandemia da Covid-19. Diante da necessidade de isolamento social e com medidas rígidas de higiene e de segurança para evitar a propagação da doença, o mercado, principalmente o varejo, entrou em uma crise econômica global sem precedentes.
Por outro lado, todos os setores precisaram se reinventar e, como resultado, as empresas mais atentas às mudanças mercadológicas e de tecnologia não só conseguiram se manter, como receberam grande destaque. Exemplo disso é o caso do Olist, cliente AllStrategy que contava com 10 mil lojistas parceiros no início da pandemia e conseguiu dobrar esse número em apenas 7 meses. Para isso, seu primeiro passo foi refazer o planejamento orçamentário.
Diante desse exemplo, podemos perceber que o planejamento estratégico bem organizado e a inovação se mostraram partes ainda mais importantes para sair forte de uma crise como a de 2020. Mas o que significa exatamente inovar em contextos de crise? Conheça abaixo outros cases de sucesso de empresas que se destacaram no ano marcado pela pandemia do coronavírus.
Reserva
A Reserva é uma marca de roupas masculinas que seguiu a estratégia de aumentar ainda mais sua presença on-line para atender o comportamento do consumidor em isolamento. Apesar de já ter um e-commerce bem estruturado, a empresa inovou ainda mais. Com as lojas físicas fechadas, todos os 600 funcionários migraram para o canal exclusivo de atendimento on-line da marca, chamado Now.
Essa estratégia facilitou a comunicação entre empresa e cliente e, consequentemente, valorizou a experiência do consumidor. Com isso, as compras no e-commerce saltaram de 20% no período pré-pandemia, para 70% durante o isolamento social.
Em entrevista ao site Infomoney, o CEO da marca, Rony Meisler, destacou que a motivação e o treinamento da equipe devem ser prioridade para que as entregas e o planejamento de vendas sejam cumpridos de maneira eficaz.
Magazine Luiza
Pensando em pequenos empresários e lojistas, o Magazine Luiza lançou, durante a pandemia, uma plataforma digital gratuita chamada Parceiro Magalu, que possibilita que os pequenos comerciantes ofereçam seus produtos tanto no site, quanto no aplicativo da companhia.
O projeto estava previsto para operar dali a cinco meses, porém, após as indicações de isolamento social, foi executado em cinco dias. Segundo o CEO da empresa, Frederico Trajano, a digitalização do varejo se tornou ainda mais necessária durante a pandemia, principalmente para possibilitar que pequenos varejistas montem suas próprias lojas virtuais.
Além disso, o Magazine Luiza foi uma das empresas com melhor avaliação durante a crise, segundo reportagem da Gazeta do Povo. Nesse período, a loja investiu em marketing, reforçando seus valores e se posicionando logo no início da pandemia.
Nike
Além de ter impulsionado suas operações on-line, a Nike divulgou seus quatro pilares estratégicos do setor de vendas na pandemia aos varejistas mundiais. São eles:
- Contenção, determinada pelo fechamento de lojas em larga escala;
- Recuperação, quando as lojas abrirem novamente;
- Normalização, através do retorno às condições pré-crise;
- Crescimento de vendas.
Como resultado, o estudo e a criação de um planejamento estratégico para cada uma dessas fases, aliados ao fortalecimento digital da marca, acarretaram em uma expansão de 36% das vendas em seu comércio eletrônico, durante o primeiro trimestre da pandemia.
Mercado Livre
Assim como o Olist, o maior portal de comércio eletrônico bateu recorde de vendas em 2020, principalmente no terceiro trimestre do ano. O volume de vendas registrado pelo Mercado Livre entre julho e setembro chegou a US$ 5,9 bilhões, enquanto o total de usuários ativos cresceu 92,2%.
Um dos movimentos que levou a esse crescimento foi o investimento em logística. Agora, a empresa possui até aviões em sua frota e, em alguns lugares, consegue fazer a entrega no dia seguinte da compra. Com isso, seu valor de mercado dobrou, atingindo impressionantes US$ 61,6 bilhões de dólares.
Afinal, qual o segredo para driblar a crise?
Segundo pesquisa realizada pela Harvard Business School, somente 9% das empresas saem mais fortes de recessões. O estudo analisou quase 5 mil empreendimentos durante três grandes recessões mundiais: a crise de 1980, a contração de 1990 e o colapso de 2000.
Mas o que as empresas bem-sucedidas têm em comum que as fazem crescer até em momentos críticos do mercado? O levantamento estudou as estratégias destas corporações e verificou que elas adotaram de maneira balanceada medidas de sobrevivência e de investimento em um futuro pós-crise.
Ou seja, estas empresas reduziram custos, mas não cortaram de maneira drástica o número de funcionários. Os ajustes focaram na melhoria da eficiência operacional. Além disso, também investiram em pesquisa e desenvolvimento, marketing e, claro, em inovação e tecnologia.
Como não sabemos o cenário que 2021 trará para os negócios, é importante que as empresas tenham uma visão clara de sua situação, entendam os possíveis cenários e estejam preparadas para tomadas de decisão rápidas. Um bom planejamento orçamentário e uma preparação para diferentes cenários críticos são essenciais para controlar os possíveis prejuízos.