Crises, incertezas, flutuações na economia e até mudanças repentinas. Os altos e baixos fazem parte do ciclo de vida na gestão de empresas duradouras. E, se por um lado vemos algumas sucumbirem à pressão e às situações adversas, de outro vemos empresas que não apenas resistem às crises, mas se reestruturam e crescem diante delas. O exemplo que trazemos hoje é do Olist, cliente AllStrategy que cresceu em meio à pandemia e está com planejamento para 2021 melhor do que previa um ano atrás.
O Olist tinha 10 mil lojistas parceiros no início da pandemia, e, atualmente, conta com mais de 20 mil, além de vender produtos para mais de 3 milhões de clientes em todo o país. Ou seja, dobraram a quantidade de lojistas em 7 meses.
A startup curitibana traz uma solução de vendas que ajuda lojistas a diversificar os canais de venda e ganhar liquidez no e-commerce. Por meio da plataforma, as lojas podem anunciar seus produtos em mais de 10 sites diferentes, incluindo Mercado Livre, e centralizar a gestão de vendas, finanças e logística em um único local.
Para entender como foi esse processo, conversamos com a coordenadora de planejamento financeiro da startup, Isabella Negrini. Apesar da instabilidade da economia, ao mesmo tempo, em que expandiu sua atuação no último semestre, o Olist também lançou uma série de ações para apoiar pequenas empresas que precisaram suspender as vendas físicas durante a pandemia do novo coronavírus.
Empresas como esta nos dão um exemplo sobre a importância da resiliência e de um bom planejamento. Confira!
Primeiras ações
No início da crise, diante da incerteza e da retração das vendas da Olist, a primeira ação foi refazer o planejamento orçamentário. Segundo Isabella, primeiramente, a intenção era deixar a operação a mais enxuta possível, mas sem demitir nenhum funcionário. Após essa primeira medida, a startup observou que, com a quarentena e a obrigatoriedade do fechamento das lojas físicas, o online seria a melhor saída para os comerciantes.
Diante disso, a empresa antecipou o lançamento de produtos, como a solução do Olist Shops e alterou o pricing. Para apoiar os lojistas em um momento delicado, a cobrança de adesão e de mensalidade foi zerada por três meses. Como resultado, a performance de vendas melhorou a cada semana e novos clientes não pararam de chegar.
“Começamos a sentir o efeito de crescimento a partir de abril, adquirindo clientes como nunca na história do Olist. Percebemos então que precisávamos investir mais em certas áreas da empresa para ‘surfarmos a onda’, e é o que temos feito desde então”, explicou a coordenadora de planejamento financeiro, Isabella Negrini.
Adaptação e agilidade
Um planejamento financeiro flexível, que conseguisse se adaptar às necessidades do negócio de forma rápida, foi vital para o Olist contornar o cenário pessimista. “Do contrário, ou desperdiçaríamos a chance de crescer neste momento, ou perderíamos o controle do planejamento”, pontuou a coordenadora.
Para Isabella, a preparação para incertezas e crises vem muito antes delas ocorrerem. “Só se tem um bom planejamento se este considera a ocorrência de eventos indesejados ao longo do caminho. Se um planejamento não incorpora o efeito de incertezas, então ele é irreal e provavelmente inalcançável”, conclui.
A afirmação da coordenadora do Olist confirma o que diz um artigo recente da Corporate Finance News and Events. Intitulado Finanças durante a crise: cinco lições dos CFOs (tradução livre), o texto ressalta a importância de uma função financeira adaptável e ágil que permita administrar a liquidez em um ambiente volátil e em tempo real.
Adaptabilidade é fundamental
Para o empresário brasileiro, crises e incertezas fazem parte do jogo de empreender. Por esse motivo, a realidade do país e o histórico econômico devem ser balizadores para planos de contingência da empresa e planejamento de crise.
Se avaliarmos o cenário econômico de 2014, entre as 30.939 empresas de alto crescimento no Brasil — ou seja, aquelas que apresentam crescimento médio de 20% durante dois triênios seguidos —, 3.965 (12,8%) mostraram-se resilientes. Os dados são de uma pesquisa do IBGE.
Esse estudo também revelou que, apesar da crise, as empresas resilientes geraram R$121,2 bilhões em receita líquida no ano seguinte. Do mesmo modo, contrataram 255.167 profissionais neste período em que o mercado, aparentemente, se encolhia.
Por este motivo, é importante que os gestores sempre saibam lidar com as mudanças rápidas do mercado e as empresas estejam preparadas para isso. Empresas resilientes são profundamente conectadas com a realidade, pois são flexíveis, abertas às mudanças e inovações. Ao mesmo tempo, estão sempre atentas a quaisquer sinais de oportunidade.
Uma vez detectada a oportunidade, elas conseguem reavaliar e adaptar o planejamento estratégico rapidamente, conduzindo ações coordenadas em todos os níveis da operação. Dessa forma, essas ações resultam em melhorias ou em novos produtos e serviços tão adaptados ao contexto que podem resultar em expansão do negócio e até mesmo de criar novos mercados.
A tecnologia hoje é uma das principais aliadas da gestão ágil das empresas que querem ser duradouras. Automatizar atividades como processamento de informações, controles e relatórios podem garantir a segurança dos dados, produzir informações para tomadas de decisões rápidas e aumentar a produtividade nas equipes, liberando gestores para, de fato, exercer a resiliência e promover mudanças rápidas e altamente eficazes.